A Flor de Narciso – Fil Felix

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A Flor de Narciso

Germinou sob a terra fértil da vaidade
Caules de estima subiram-lhe a fronte
Comprometido pela própria beleza
Curvando-se sobre o reflexo das águas

Os galanteios de sua amante aos fundos
Esvaecendo, lá longe. Um Eco do passado
E em êxtase divino, desabrochou pessoa
Tocou a própria flor, o néctar tóxico

Uma apoteose ao espelho da soberba
Molhado pelo rancor de velhos deuses
Que por lassidão amaldiçoaram o belo
A viver em eterna vesânia da alma

Uma romaria das flores de narciso
Cujos votos balsâmicos gotejam
Aspirando pelo ópio transcendental
Das hedônicas papoulas. Puro desejo

Fil Felix

15 comentários Adicione o seu

  1. Boa noite Fil!
    Uma noite excelente e Abençoada!

    Putz!!!!
    Poesia em nível “hard”!
    Linda e que para compreendê-la precisei de algumas consultas….rsrsrs
    Foi fundo – “Uma apoteose ao espelho da soberba / Molhado pelo rancor de velhos deuses”… e mais…..
    Muito bom!

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  2. Helenice disse:

    Um poema em que a lascívia das flores se manifesta lindamente. No castigo, a paixão. Os deuses que se cuidem!

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  3. Realmente você foi fundo ao tocar nesse sentido tão hipnótico que é a vaidade e o mito de Narciso. Como não se falar dele quando o tema é o espelho? Belo poema, enigmático,para se ler várias vezes. Parabéns.

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  4. Vera Lage disse:

    Nossa Fil,você retratou tão bem Narciso e Eco!Me lembrou do Retrato de Dorian Gray.que se tornou refém da auto imagem negando a transitoriedade da beleza.
    O desafio à supremacia dos deuses ….o ópio que entorpece a realidade…
    Adorei o caminho que você percorreu,obrigada; seu poema é um “campo de narcisos”

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    1. Fil Felix disse:

      Oi, Vera! Que bom que gostou, logo que vi “espelho” me veio a figura do Narciso, então tentei recontar o mito e juntar com a flor (que é bastante tóxica) pra retratar a beleza. Valeu!

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  5. angst447 disse:

    A figura do Narciso é tão apaixonante pois a vaidade mistura-se à autoestima. Transitar por este limite tão tênue, pode causar sentimentos antagônicos. Quem nunca se apaixonou por si mesmo em algum momento da vida? Isso é errado? Mergulhar na própria beleza( seja ela o que for, flor ou expectativa de algo maior) é um caminho para se conhecer. O risco é o mesmo de se afogar em um lago calmo. O reflexo nem sempre será a verdade, mas uma parte dela estará ali, com certeza.
    Parabéns pelo mergulho poético, Fil.
    P.S.: Não se afogue. ❤

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  6. Rui E L Tavares disse:

    Sou um apaixonado pela mitologia, particularmente por Narciso e sua história… O seu poema, navegou suavemente pelos mares poéticos e nos trouxe uma texto lindo sobre esse personagem mitológico, sobre a flor de Narciso, sobre os antigos Deuses e sobre o eco encantador que, ainda nos dias de hoje, ecoa por todos cantos do mundo… Parabéns, aplausos…

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  7. iolandinhapinheiro disse:

    Narciso não poderia ficar de fora de uma coletânea de poesias sobre o espelho: Narciso – mitologia- vaidade- espelho d’água – loucura. Gostei muito das palavras que vc escolheu para formar esta bela poesia. Abraço, Fil.

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  8. Anorkinda Neide disse:

    Nossa..muito bom!! Esta última estrofe está dos céus!!
    Eu acho lindo quando a mitologia vem em versos, dá um requinte a mais à história 🙂
    a Rosemarie tem lindo versos mitológicos também, é uma delícia de ler.
    Você está mais do que de parabéns, Fil… fico super feliz q vc descobriu-se poeta! hehe
    tem aquela velha máxima de que o que a gente renega, depois vem a amar. Eu, por exemplo, não gostava de poesia, mas isso foi há tanto tempo, quase em outra vida!
    Bjú!!

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  9. Nossa! Que poema denso e voluptuoso! O vocabulário rico em contraste com a cadência das palavras foi um doce deleite.
    “Uma apoteose ao espelho da soberba
    Molhado pelo rancor de velhos deuses”
    Belíssimo!

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  10. Priscila Pereira disse:

    Oi Fil, que belíssimo poema! Parabéns! Parece música, de tão bem arranjado e harmonioso!

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  11. Vocabulário original para uma poesia que ficou apenas no espelho d’agua. Não consegui mergulhar nessa profundeza da loucura narcísica proposta. Mas é um belo poema.

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  12. neusafontolan disse:

    Muito bom!
    A história de Narciso descrita de forma perfeita, e isso em belos versos
    Parabéns.
    Um forte e carinhoso abraço.

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  13. Olá, Fil Felix
    tudo bem?
    Olha, poema arrebatador, hein?
    Profundo e contemplativo, o tema Espelhos realmente nos leva a Narciso..
    Seus versos me fizeram refletir sobre o que somos, de fato, e quanto de nós vive ali, meio que encoberto.
    Bastante sofisticado em palavras, também. Fui procurar o significado de vesânia, que forte essa palavra, foi utilizada muitíssimo bem.
    Essas estrofes me fizeram viajar:
    “Os galanteios de sua amante aos fundos
    Esvaecendo, lá longe. Um Eco do passado
    E em êxtase divino, desabrochou pessoa
    Tocou a própria flor, o néctar tóxico

    Uma apoteose ao espelho da soberba
    Molhado pelo rancor de velhos deuses
    Que por lassidão amaldiçoaram o belo
    A viver em eterna vesânia da alma”

    Que belo, parabéns!

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  14. Solange Moreira de Souza disse:

    Que poesia linda, amei. A contemplação de Narciso, no espelho d’água, gerou-lhe uma maldição, a inveja dos deuses, o deixaram louco.
    Entendi que, o espelho às vezes, arrebata a vaidade e esconde a essência da alma.
    Parabéns, Fil Felix!

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